‘Pente-fino’ da Previdência recicla ideias de proposta do governo Temer
Entre as mudanças estão pontos ligados à aposentadoria rural, que já sofreram resistência antes
Parte da proposta de reforma da Previdência da gestão Temer deverá estar na MP (Medida Provisória) que inclui o “pente-fino” em todos os benefícios pagos pelo INSS que Jair Bolsonaro pretende enviar ao Congresso Nacional.
Já estava no texto do último governo a ideia substituir sindicatos rurais como entidades avalizadoras do direito à aposentadoria rural por autodeclaração.
Mesmo em seu momento de maior força política, o ex-presidente enfrentou resistência ao item, de acordo com membros da equipe econômica que acompanharam a tramitação.
Há diferenças, porém: Temer propunha vincular a aposentadoria à contribuição do trabalhador rural. A nova MP deverá trocar sindicatos por outras entidades validadoras que garantam que o candidato ao benefício era camponês.
A intenção é separar esse item das mudanças estruturais do sistema, que virão por outro projeto de lei —no projeto de reforma anterior, os temas estavam unidos.
O novo texto deve prever ajustes no cálculo de anos trabalhados —por exemplo, a época que uma pessoa fica afastada por doença não poderá ser contabilizada como trabalho, segundo Paulo Tafner, da Fipe/USP.
“A ideia é corrigir brechas na legislação atual e, assim, economizar alguns recursos.”
Além disso, deverá haver um bônus para peritos médicos.
O “pente-fino” que Temer promoveu não mudou a maneira de validar concessões, mas combateu fraudes —foram mais de 40 operações da Polícia Federal— e instaurou novas perícias de doenças.
A economia com as ações foi de R$ 14,5 bilhões, segundo o Ministério da Cidadania.
“Essa gordura já foi retirada, e as maiores novidades agora serão a mudança em relação à aposentadoria rural e ao bônus —mas isso não combate privilégios do sistema”, afirma o especialista Pedro Nery.
Um negócio de química
A aquisição da francesa ParexGroup pela suíça Sika, fechada nesta terça (8) por 2,5 bilhões de francos suíços (R$ 9,46 bilhões no câmbio atual), terá efeitos no Brasil, onde as duas multinacionais mantêm operações.
O negócio ainda precisa ser aprovado pelos órgãos antitruste de 23 países em que as empresas de produtos químicos para construção têm filiais.
“Estimamos que a compra seja efetivada entre o segundo e o terceiro trimestre de 2019”, afirma Romeu Martinelli, gerente-geral da adquirente no Brasil.
Com a transação, a Sika projeta dobrar sua receita local, atualmente de R$ 300 milhões ao ano, segundo o executivo.
“Não haverá grande reestruturação aqui, pois a Parex vende produtos complementares, como argamassas colantes.”
A química suíça tem cinco fábricas no Brasil e produz hoje materiais para indústria automotiva e para fachadas de vidro, além de impermeabilizantes vendidos no varejo e para grandes corporações. A Parex possui oito plantas no país.
Equipe de vendas
O setor de dispositivos médicos, como órteses e próteses, contratou 8% mais em 2018 que no ano anterior, segundo levantamento feito pela consultoria Hays.
A alta é atribuída a fatores como o envelhecimento da população, a melhora da economia e o aumento da contratação de planos de saúde.
“Com a queda do desemprego, subiu a parcela de brasileiros que usa convênios e os dispositivos médicos sentem maior demanda”, afirma a diretora da consultoria, Caroline Cadorin.
“As empresas têm investido especialmente na área comercial. Há um otimismo das marcas em relação ao crescimento econômico de 2019, o que influencia positivamente na contratação.”
As vagas de gerente de vendas, de produtos e as posições de gestão de relacionamento com clientes são as mais requisitadas.
A receita do segmento subiu 14,5% em 2018 até setembro, segundo a Abiis (do setor).
Uma nota para dois
A regulamentação da duplicata eletrônica implicará um aumento de cerca de 30% na oferta de serviços de antecipação de recebíveis, segundo a Anfidc (associação de fundos de direitos creditórios).
A medida foi sancionada pelo ex-presidente Michel Temer em 20 de dezembro e entrará em vigor em abril.
O texto acaba com a possibilidade de fraude em que um devedor consegue financiamentos de mais de um credor com uma mesma duplicata, um risco do processo, afirma o diretor Luis Carvalho.
“Se o credor será pago no vencimento é outra discussão, mas a partir do momento em que o título está registrado na Receita Federal e em uma central, há a certeza de que o ativo existe”, diz ele.
“Do lado de quem fornece crédito, há uma melhora na qualidade do que está sendo negociado, e do lado tomador, o benefício é a tendência de queda dos juros devido ao menor risco.”
Na tomada A receita com a venda de eletrônicos e eletrodomésticos subiu 7% e alcançou € 70,7 bilhões (R$ 300,4 bilhões) em 2018 na América Latina, segundo a consultoria GfK.
Startup A Matera, de tecnologia para o mercado financeiro e o varejo, vai investir R$ 8 milhões neste ano em desenvolvimento de produtos e em sua expansão internacional.
com Felipe Gutierrez (interino), Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas
Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
Folha de S.Paulo