Ataque de Bolsonaro ao pai de Bachelet tem amplo repúdio no Chile
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, condenou nesta quarta-feira, 4, as declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a ex-presidente chilena Michelle Bachelet e seu pai, Alberto Bachelet, vítima da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
"Não compartilho a alusão feita pelo presidente Bolsonaro a uma ex-presidente do Chile e, especialmente, num assunto tão doloroso quanto a morte de seu pai", disse Piñera em pronunciamento no Palácio de La Moneda. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
As declarações de Bolsonaro provocaram mal-estar no governo chileno, especialmente por coincidirem com a chegada do chanceler Teodoro Ribera ao Brasil.
"É de público conhecimento meu compromisso permanente com a democracia, a liberdade e o respeito aos direitos humanos em todo tempo, lugar e circunstâncias", acrescentou o presidente chileno. "As distintas visões sobre os governos que tivemos nos anos 70 e 80 devem ser feitas com respeito."
A diplomacia chilena discutia a divulgação de um comunicado para rebater as declarações de Bolsonaro. Diante do amplo rechaço no Chile de setores de esquerda e direita às declarações do presidente brasileiro, Piñera optou por um pronunciamento.
O presidente criticou o trabalho de Bachelet como Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos e disse que o golpe de 1973 "deu um basta à esquerda" no país. As críticas foram uma resposta a declarações de Bachelet de que o Brasil não é uma democracia plena.
"Seguindo a linha do (Emmanuel) Macron (presidente da França) em se intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira, (Michelle Bachelet) investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares", escreveu Bolsonaro em rede social. "(Bachelet) Diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época".
Na imprensa chilena, as declarações do presidente brasileiro tiveram grande destaque. O presidente do Senado, Jaime Quitana, de oposição, exigiu uma resposta de Piñera. Na coalizão do presidente chileno, Chile Vamos, as declarações também foram mal recebidas. "Não é a melhor maneira de responder às críticas de Bachelet", disse o presidente de um dos partidos do grupo, o Renovação Nacional, Mario Desbordes, ao La Tercera.
O único grupo político que defendeu integralmente o presidente foi o Partido Republicano, de extrema direita. "A ex-presidente tem usado seu cargo na ONU para questionar Bolsonaro", disse o líder da legenda Antonio Kast. "Suas críticas se baseiam em posições ideológicas."
A declaração se tornou especialmente problemática para a relação bilateral por ter ocorrido no mesmo dia da chegada do chanceler Teodoro Ribera ao Brasil para uma visita oficial. Segundo fontes diplomáticas chilenas, o ministro estava em conexão entre São Paulo e Brasília enquanto discutia com o Palacio de La Moneda uma resposta às declarações de Bolsonaro.
Mais tarde, a jornalistas em Brasília, na manhã desta quarta, Bolsonaro reiterou as críticas. "Parece que quando tem gente que não tem o que fazer, como a senhora Michelle Bachelet, vai lá para cadeira de direitos humanos da ONU. Passar bem, dona Michelle". Bolsonaro ainda desejou "pêsames" para Bachelet. "A única coisa que tenho em comum com ela é a esposa que tem o mesmo nome. Fora isso, fora isso, meus pêsames a Michelle Bachelet", disse o presidente.
Para o analista chileno Máximo Quitral, doutor em ciência política e especialista em relações internacionais, as declarações podem causar algum tipo de tensão porque os partidos políticos e a opinião pública esperam uma posição do presidente Piñera. "Vão provocar um incômodo ao governo de Chile as declarações do presidente do Brasil e também vão gerar resposta e reação de algumas figuras políticas", disse o professor da Universidad Tecnológica Metropolitana. "Sobretudo entendendo-se que a ex-presidente está em um alto cargo internacional".
Ele, no entanto, não acredita que a situação possa congelar as relações. "A diplomacia pode solucionar e evitar que essas declarações prejudiquem as relações políticas construídas entre os dois países". Quitral diz que o Chile sempre teve uma posição de abertura com todos os países e que há uma conexão econômica entre as duas nações. "Esse modelo econômico chileno aparentemente exitoso se transformou num eixo referencial para a aplicação de algumas políticas econômicas que o Brasil quer implementar para tentar impulsionar sua economia".
O Chile é um dos principais aliados de Bolsonaro na América do Sul e destino de sua primeira viagem como presidente. Na cúpula do G-7 em Biarritz, na França, o presidente Sebastián Piñera participou das discussões sobre as queimadas na Amazônia com líderes ocidentais.
No começo do ano, Bolsonaro e Piñera articularam a criação do Prosur – bloco de centro-direita sul-americano que substituiu a Unasul – e unificaram o discurso de apoio à oposição liderada por Juan Guaidó na Venezuela. Na ocasião, o presidente já havia dado declarações favoráveis ao ditador chileno.
As declarações de Bolsonaro provocaram mal-estar no governo chileno, especialmente por coincidirem com a chegada do chanceler Teodoro Ribera ao Brasil.
"É de público conhecimento meu compromisso permanente com a democracia, a liberdade e o respeito aos direitos humanos em todo tempo, lugar e circunstâncias", acrescentou o presidente chileno. "As distintas visões sobre os governos que tivemos nos anos 70 e 80 devem ser feitas com respeito."
A diplomacia chilena discutia a divulgação de um comunicado para rebater as declarações de Bolsonaro. Diante do amplo rechaço no Chile de setores de esquerda e direita às declarações do presidente brasileiro, Piñera optou por um pronunciamento.
O presidente criticou o trabalho de Bachelet como Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos e disse que o golpe de 1973 "deu um basta à esquerda" no país. As críticas foram uma resposta a declarações de Bachelet de que o Brasil não é uma democracia plena.
"Seguindo a linha do (Emmanuel) Macron (presidente da França) em se intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira, (Michelle Bachelet) investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares", escreveu Bolsonaro em rede social. "(Bachelet) Diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época".
Na imprensa chilena, as declarações do presidente brasileiro tiveram grande destaque. O presidente do Senado, Jaime Quitana, de oposição, exigiu uma resposta de Piñera. Na coalizão do presidente chileno, Chile Vamos, as declarações também foram mal recebidas. "Não é a melhor maneira de responder às críticas de Bachelet", disse o presidente de um dos partidos do grupo, o Renovação Nacional, Mario Desbordes, ao La Tercera.
O único grupo político que defendeu integralmente o presidente foi o Partido Republicano, de extrema direita. "A ex-presidente tem usado seu cargo na ONU para questionar Bolsonaro", disse o líder da legenda Antonio Kast. "Suas críticas se baseiam em posições ideológicas."
A declaração se tornou especialmente problemática para a relação bilateral por ter ocorrido no mesmo dia da chegada do chanceler Teodoro Ribera ao Brasil para uma visita oficial. Segundo fontes diplomáticas chilenas, o ministro estava em conexão entre São Paulo e Brasília enquanto discutia com o Palacio de La Moneda uma resposta às declarações de Bolsonaro.
Mais tarde, a jornalistas em Brasília, na manhã desta quarta, Bolsonaro reiterou as críticas. "Parece que quando tem gente que não tem o que fazer, como a senhora Michelle Bachelet, vai lá para cadeira de direitos humanos da ONU. Passar bem, dona Michelle". Bolsonaro ainda desejou "pêsames" para Bachelet. "A única coisa que tenho em comum com ela é a esposa que tem o mesmo nome. Fora isso, fora isso, meus pêsames a Michelle Bachelet", disse o presidente.
Para o analista chileno Máximo Quitral, doutor em ciência política e especialista em relações internacionais, as declarações podem causar algum tipo de tensão porque os partidos políticos e a opinião pública esperam uma posição do presidente Piñera. "Vão provocar um incômodo ao governo de Chile as declarações do presidente do Brasil e também vão gerar resposta e reação de algumas figuras políticas", disse o professor da Universidad Tecnológica Metropolitana. "Sobretudo entendendo-se que a ex-presidente está em um alto cargo internacional".
Ele, no entanto, não acredita que a situação possa congelar as relações. "A diplomacia pode solucionar e evitar que essas declarações prejudiquem as relações políticas construídas entre os dois países". Quitral diz que o Chile sempre teve uma posição de abertura com todos os países e que há uma conexão econômica entre as duas nações. "Esse modelo econômico chileno aparentemente exitoso se transformou num eixo referencial para a aplicação de algumas políticas econômicas que o Brasil quer implementar para tentar impulsionar sua economia".
O Chile é um dos principais aliados de Bolsonaro na América do Sul e destino de sua primeira viagem como presidente. Na cúpula do G-7 em Biarritz, na França, o presidente Sebastián Piñera participou das discussões sobre as queimadas na Amazônia com líderes ocidentais.
No começo do ano, Bolsonaro e Piñera articularam a criação do Prosur – bloco de centro-direita sul-americano que substituiu a Unasul – e unificaram o discurso de apoio à oposição liderada por Juan Guaidó na Venezuela. Na ocasião, o presidente já havia dado declarações favoráveis ao ditador chileno.
Vermelho