Em depoimento à PF, Moro reconhece que teve mensagens interceptadas
VAZA JATO
No depoimento à Polícia Federal no último sábado (2/5) a que a ConJur teve acesso, o ex-ministro Sergio Moro admitiu que teve mensagens de celular interceptadas por hackers.
A oitiva foi determinada por Celso de Mello, em inquérito aberto para investigar as declarações do ex-ministro da Justiça referentes à suposta intervenção do presidente Jair Bolsonaro em investigações da Polícia Federal.
Segundo o termo da declaração, Moro entregou à PF seu aparelho de celular para a extração de mensagens trocadas com o presidente Jair Bolsonaro e com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). Ontem, o procurador-geral da República pediu ao STF que dez testemunhas sejam ouvidas — entre elas, Zambelli e ministros de Estado. Também requereu laudo pericial do telefone do ex-ministro.
No entanto, Moro afirmou que "não disponibiliza as demais mensagens, pois têm caráter privado (inclusive as eventualmente apagadas), ou se tratam de mensagens trocadas com autoridades públicas, mas sem qualquer relevância para o caso".
Em seu depoimento, Moro disse, então, que tem apenas algumas mensagens trocadas com Bolsonaro, "já que teve em 2019 suas mensagens interceptadas ilegalmente por hackers, motivo pelo qual passou a apagá-las periodicamente".
"Vaza jato"
Em junho do ano passado, o site The Intercept Brasil teve acesso a uma série de mensagens de Moro trocadas com procuradores do MPF e outras autoridades ligadas à força-tarefa da "lava jato" em Curitiba, em episódio que ficou conhecido como "vaza jato". As mensagens reveladas colocaram em xeque a credibilidade do consórcio formado a partir da 13ª Vara Federal da capital paranaense na condução dos julgamentos.
Após a revelação das conversas, a Polícia Federal prendeu alguns dos supostos responsáveis pelo vazamento. Moro, à época já no cargo de ministro, tentou destruir o material encontrado nos dispositivos dos acusados. Mas o ministro do STF Luiz Fux determinou que as provas fossem preservadas.
A reação inicial de Moro em relação às mensagens divulgadas pelo site The Intercept foi reconhecer sua autenticidade, afirmando não ver qualquer anormalidade "quanto ao conteúdo das mensagens" que o citam.
Posteriormente, o então ministro mudou de posicionamento, pois passou a se referir a "supostas mensagens". Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo (edição de 13/6/19), chegou a dizer que não poderia "reconhecer a autenticidade das mensagens" e que "inserções maliciosas" poderiam ter ocorrido.
Revista Consultor Jurídico