Estatuto deve proibir expressamente trabalho escravo, diz desembargadora
A desembargadora Silvana Abramo sugeriu que seja incluída de forma expressa no Estatuto do Trabalho, em elaboração no Senado, a proibição do trabalho escravo, repetindo o que está previsto hoje no artigo 149 do Código Penal. A magistrada, do TRT da 2ª Região, foi uma das convidadas da audiência pública desta segunda-feira (6) realizada pela subcomissão da Comissão de Direitos Humanos que está elaborando uma atualização da legislação trabalhista brasileira.
Silvana Abramo disse que o estatuto tem que incorporar como regra própria as hipóteses do Código Penal, que tem um conceito amplo e moderno em relação ao tema. Além disso, ela também defendeu a expressa proibição do trabalho infantil.
A desembargadora sugeriu a idade mínima de 18 anos para o trabalhador, com autorização para estágio ou aprendizado a partir dos 16 anos. Assim, segundo ela, seria possível cumprir a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que diz que a educação básica e obrigatória vai dos 4 aos 17 anos.
Reforma
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins, Artur Bueno de Camargo, lembrou que se aproxima o entrada em vigor da Lei 13.467/2017, da reforma trabalhista. Ele afirmou que "as maldades" começarão a ser postas em prática em 11 de novembro, previu uma enxurrada de ações e defendeu a resistência das representações sindicais.
O procurador regional do Trabalho, Cristiano Paixão, também se manifestou contra a reforma, a qual, segundo ele, é mais uma parte do movimento de destruição dos direitos sociais em curso no país.
O representante do Ministério Público ainda fez um alerta a respeito de projeto de lei em tramitação na Câmara (PL 6.442/2016), do deputado Nilson Leitão (PSDB-MT). Esse projeto, disse o procurador, contém dispositivos inaceitáveis, como o que permite que o trabalhador rural seja pago com comida e moradia.
– Defensores da proposta dizem que as leis brasileiras e regulamentos impostos pelo Ministério Público do Trabalho desprezam usos, costumes e a cultura do campo. Só que tenho certeza de que a cultura do campo no Brasil não é a da escravidão – afirmou.
Fonte: Agência Senado, 07 de novembro de 2017
Fonte: sintracimento.org.br