Baixa confiança e falta de investimento agravam recessão, diz economista
O Brasil possui hoje 14 milhões de desempregados. Segundo o IBGE, desde o 1º trimestre de 2014, o País perdeu cerca de três milhões de postos de trabalho com Carteira assinada. Os dados foram divulgados no dia 31 de maio.
Pedro Afonso Gomes, presidente do Sindicato dos Economistas no Estado de São Paulo, falou à Agência Sindical sobre a situação. De acordo com o sindicalista, dois pontos traduzem a atual situação pela qual o País está passando.
Pedro Afonso, presidente do Sindicato dos Economistas
"O primeiro ponto é que a economia está com custos muito elevados (dólar e juros), a carga tributária aumentou, proporcionalmente nos últimos anos. O segundo ponto é que, cada vez mais, a indústria e a agricultura, que sempre empregavam bastante, estão reduzindo o nível de emprego através da informatização dos seus serviços", diz Pedro.
O economista comenta que, para reverter a curva da recessão e retomar o crescimento com emprego e renda, os manuais de economia recomendam que haja confiabilidade no governo e em sua capacidade de investimento. E ele aponta que tais condições não existem hoje no País.
"Governo precisa ser confiável. Quando eu digo governo, são os três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, sempre numa direção só. E hoje não temos isso. Outro ponto é a capacidade de investimento do governo, que com a PEC da redução de gastos inviabilizou essa capacidade", explica. Pedro Afonso afirma que as empresas também deixam de investir, porque não enxergam capacidade de longo prazo na economia.
Desemprego – Presidente do Sindicato de classe dos economistas, diz que a recessão também atinge os profissionais da categoria. "De três anos pra cá, triplicou o número de desemprego entre os economistas. A nossa vantagem é que os economistas têm uma saída para trabalho. Eu digo trabalho, não emprego. Mas mesmo entre os economistas, existe uma certa acomodação com relação a essa formação profissional", afirma o dirigente.
Sistema S – Ele avalia que numa situação como essa, a formação profissional é fundamental. Pedro Afonso diz que nesse assunto o chamado Sistema S (Senai, Senac, Sesi etc.) tem muitas restrições. "Eles recebem recursos públicos e a formação não é proporcional em termos de benefícios para os trabalhadores. Ensinam apenas uma função específica, o que não permite ao empregado evoluir dentro da empresa. Isso é preciso ser revisto", ressalta.
Fonte: Agência Sindical, 06 de junho de 2017
Fonte: sintracimento.org.br