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Moro precisa se afastar do Ministério para garantir isenção, diz Toron

O advogado Alberto Toron, um dos maiores criminalistas do País, foi um dos criadores do grupo Prerrogativas, que combate o “emparedamento do Judiciário”. Desse grupo surgiu o Liberdade de Imprensa, com a missão de dar suporte ao que for necessário para à defesa de Glenn Greenwald e do site The Intercept Brasil. Hoje, Toron advoga para nomes como Dilma Rousseff e Manuela D’Ávila – a quem Sergio Moro tentou envolver, irresponsavelmente, no escândalo dos hackers, que tem o DNA do próprio ministro.

 

O advogado criminalista Alberto Toron, que está à frente dos grupos Prerrogativas e Liberdade de ImprensaO advogado criminalista Alberto Toron, que está à frente dos grupos Prerrogativas e Liberdade de Imprensa

“Dizemos que o Judiciário está emparedado quando é criticado por não atender a opinião pública. Traduzindo: ‘Judiciário bom é o Judiciário que condena, que manda prender’”, afirma. “No polo oposto, o juiz passa a ser visto como um ‘juiz ruim’, comprometido ou suspeito quando ele absolve, quando ele não decreta a prisão, quando ele se põe contra a pretensão do Ministério Público.”



Crítico aos desmandos da operação Lava Jato, Toron está atento à escalada de ameaças a Glenn feitas pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). A gota d’água, a seu ver, foi a tentativa do ministro da Justiça de destruir provas que confirmam os crimes da Lava Jato, como as mensagens de autoridades captadas no Telegram. Para Toron, “destruir provas é como jogar sujeira para debaixo do tapete”.



“Nada que desconstruísse Moro ou que exibisse sua faceta arbitrária era divulgado pela grande imprensa. Por isso, o povo em geral passou a vê-lo como Super-Homem”, afirma. Mas o jogo está virando. “Moro, para ser coerente, deveria se afastar da chefia do Ministério da Justiça e Segurança Pública a fim de que se garantisse a isenção das investigações. O fato de ser vítima e chefe do órgão que apura a interceptação pode ditar rumos que desviem a investigação da busca da verdade”.



Sobre as reações às revelações do Intercept, Toron mostra preocupação com o risco de censura. “Publicações que forem comprovadamente inverídicas, que puderem ser alvo de uma medida por parte do Judiciário para impedir a divulgação de material comprovadamente mentiroso ou falso, eu acho que o Judiciário está legitimado a proibir isso. Agora, o Judiciário não está legitimado a proibir a publicação de um material verdadeiro que incomode A, B, C ou D, ainda que obtido de maneira ilícita”, diz.



O advogado vai além: “Não há um marco na nossa legislação que proíba o trabalho que Glenn Greenwald vem fazendo de divulgar essas conversas. O que se proíbe é se houve um trabalho de hacker com intuito de interceptar algo que não poderia ser interceptado senão por autorização judicial”. De acordo com Toron, “uma interceptação clandestina que se fez, se é que foi assim, é atividade ilícita. Agora, a partir do momento que o material chegou às mãos da imprensa, não me parece que possa haver uma restrição na sua publicação. Talvez só em casos que envolvam segurança nacional. Fora daí, não”.



O advogado condena, ainda, o dispositivo de Moro idealizado para chantagear Glenn e ameaçá-lo de deportação. “O decreto de Moro sobre deportação sumária de estrangeiros é uma vergonha. Revive o pior do fascismo, do autoritarismo. Todo aquele que for perigoso aos interesses do poder pode ser expulso. Não faz sentido”, diz Toron.



Com informações do Blog Inconsciente Coletivo (Estadão)
Fonte:sintracimento.org.br

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