Bolsonaro tem pior média de resgate de trabalhador em condição análoga à escravidão
Entre janeiro de 2010 e junho de 2019, o Brasil resgatou 739 estrangeiros que trabalhavam no território nacional em condições análogas à escravidão, de acordo com dados do Ministério da Economia. Nos primeiros seis meses da gestão de Jair Bolsonaro foram apenas dez resgates, uma média de 1,66 por mês, a pior entre os presidentes da última década.
Em 2010, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva resgatou 43 estrangeiros em situação análoga à escravidão, média de 3,58 por mês; Dilma Rousseff (2011-maio de 2016), outros 605, média de 9,30 por mês; e Michel Temer (maio de 2016-2018), 81, média de 4,26 por mês.
Para Marques Casara, pesquisador de cadeias produtivas e mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a queda guarda relação com os anseios do atual governo federal.
“Hoje, as estruturas de governo protegem as empresas que escravizam pessoas. É uma ação de Estado para esconder o trabalho escravo. Até recentemente, tínhamos uma ação de Estado bastante capenga, mas que procurava coibir o trabalho escravo, ou sensibilizar as cadeias produtivas, para que não houvesse trabalho escravo. Hoje, o Estado protege os escravocratas. É uma ação deliberada”, afirma Casara.
Os números em operações para resgate de trabalhadores em condições análogas à escravidão atingiram o ápice no Brasil em 2013, com 299 operações que resultaram no resgate de 273 estrangeiros. A partir de então as operações diminuíram gradativamente, assim como o número de pessoas resgatadas.
Em 2016, foram 115 ações de fiscalização. A redução se acentuou no primeiro ano do governo de Michel Temer (MDB), em 2017, quando o número de operações realizadas chegou a 88. No ano seguinte, o número caiu pela metade, com apenas 44 operações e se manteve nesse patamar durante o primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, com 45 operações realizadas em 2019.
Fonte:sintracimento.org.br