Dólar comercial sobe mais de 1%, próximo de R$ 5,70
Pano de fundo são as incertezas políticas, intensificadas após o presidente Bolsonaro elevar a taxação do setor financeiro, veículos e da indústria química para compensar perdas pela zeragem do PIS/Cofins sobre o combustíveis
Por Marcelo Osakabe, Valor — São Paulo
O dólar comercial opera em alta firme nesta terça-feira. Por volta de 16h, a moeda americana subia 1,13%, a R$ 5,6643, após tocar, na máxima do dia, R$ 5,7323. O 'alívio' veio com uma melhora do clima no exterior, que também fez a moeda americana devolver parte dos ganhos contra outras divisas de países emergentes.
O pano de fundo continuam sendo as incertezas políticas, intensificadas após a decisão do presidente Jair Bolsonaro de elevar a taxação do setor financeiro, veículos e da indústria química para compensar as perdas geradas pela zeragem do PIS/Cofins sobre o diesel e o GLP. Participantes de mercado também monitoram as negociações sobre a PEC emergencial.
Há pouco, o senador Marcio Bittar (MDB-AC) oficializou a retirada da desvinculação dos pisos para saúde e educação do texto, bem como mudanças que revogavam repasses do PIS/PASEP para BNDES, entre outros. Por outro lado, parlamentares avaliam retirar o Bolsa Família do guarda-chuva do teto de gastos. O Orçamento de 2021, ainda não votado, prevê gasto de R$ 34,9 bilhões com o programa.
Apesar de o noticiário negativo das últimas semanas ter levado o estrangeiro a deixar a bolsa brasileira – em fevereiro, houve saque de R$ 6,784 bilhões do segmento secundário, segundo a B3 -, este ainda não se traduz em saída de capitais do Brasil.
“Um cenário político como esse acaba desencadeando uma procura por proteção e montagem de hedge no câmbio. Mas ainda não vemos fluxo efetivo [deixando o país]”, diz o profissional de uma tesouraria de banco.
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Juros
Não é só o dólar que está nas alturas hoje. Os juros futuros dos Depósitos Interfinanceiros (DI) disparam neste pregão, impulsionados principalmente por fatores locais.
A perspectiva da PEC Emergencial ser ainda mais desidratada, para além do recuo do governo sobre desvinculação dos pisos de saúde e educação é um dos maiores focos de cautela. Isso põe em risco a sua votação prevista para amanhã no Senado.
Além disso, a elevação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos e o recrudescimento da pandemia no país, o que pode reforçar a pressão para mais gastos públicos, constituem outros guias para os negócios.
Por volta das 13h10, as taxas do DI para janeiro de 2022 subiam de 3,81% no ajuste anterior para 3,96%; as para janeiro de 2023 avançavam de 5,73% para 5,93%; as para janeiro de 2025 tinham alta de 7,38% para 7,55% e as para janeiro de 2027 disparavam de 7,98% para 8,19%.
(Esta reportagem foi publicada originalmente no Valor PRO, serviço de informações e notícias em tempo real do Valor Econômico)
Fonte: Valor Investe
Fonte:sintracimento.org.br