“Fui vítima da maior mentira jurídica em 500 anos de história”, diz Lula
O ex-presidente Lula falou nesta quarta-feira (10) sobre a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular seus processos no âmbito da Operação Lava Jato.
"Antes de ontem foi um dia gratificante, sou agradecido ao ministro Fachin porque reivindicávamos desde 2016 a decisão que ele tomou tardiamente. A gente cansou de dizer que a inclusão do Lula e da Petrobras era a razão pela qual a quadrilha de procuradores da Lava Jato e o Moro entendiam que era a única forma de me pegar e me levar para a Lava Jato. Eles tinham como obsessão e criar um partido político", disse. "Moro e Dallagnol estão sofrendo mais do que eu sofri, porque eles sabem do erro deles."
Lula disse que pretende voltar a andar pelo país para conversar com a população, a classe política e os empresários. "Estou satisfeito que tenha sido reconhecido o que meus advogados vêm defendendo. Tivemos 100% de êxito na decisão do Fachin. Sei que é constrangedor quem me acusou parar de acusar, porque quando você envereda na mentira é difícil voltar atrás, mas olha como estou mais sereno, estou com semblante tranquilo de que a verdade venceu e que vai continuar vencendo. Por isso eu quero dedicar o resto de vida que me sobra e espero que seja muito, a voltar a andar pelo país, conversar com o povo. Quero conversar com a classe política e com os empresários."
O ex-presidente disse que o PT ainda deve decidir se haverá um candidato próprio ou de frente ampla para 2022 e que é preciso conversar sobre o tema.
Lula agradeceu aos apoiadores como o presidente da Argentina, Alberto Fernandéz, que segundo o petista foi o primeiro a telefonar após a decisão de Fachin. Lula agradeceu também ao ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, ao Papa e ao senador democrata Bernie Sanders e a diversas outras autoridades, além dos apoiadores que fizeram vigília em frente ao prédio da Polícia Federal em Curitiba enquanto esteve preso.
"Eu sei que fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história. Sei que a Marisa morreu por conta da pressão e o AVC apressou. Fui proibido até de visitar meu irmão dentro de um caixão", disse. O ex-presidente também se referiu aos procuradores da Lava Jato como "quadrilha".
Pandemia
Lula também falou sobre o desemprego em razão da pandemia e se solidarizou com famílias de vítimas da covid-19 e profissionais da saúde. "Não tem dor maior para um homem ou mulher que levantar de manhã e não ter certeza de ter café com pão, não tem dor maior para um ser humano do que não ter um prato de feijão com farinha. Não tem nada pior que o cidadão saber que está desempregado e que no fim do mês não terá salário", apontou.
Lula disse ainda que a vacina não é sobre ter ou não dinheiro, "mas é se eu amo a vida ou a morte. É uma questão de saber qual o papel do presidente da República no cuidado do seu povo". O petista também criticou a postura do governo federal na condução da pandemia. "O presidente não é eleito para falar fake news, quem está precisando de armas são as Forças Armadas, quem precisa de arma é polícia, mas não a sociedade, fazendeiros, não são milicianos para fazer terrorismo na periferia para matar meninos e meninas negras, que são as maiores vítimas das armas e balas perdidas desse país", disse.
O ex-presidente subiu o tom quando criticou a condução de Jair Bolsonaro sobre a covid-19. Segundo o petista, era preciso que o governo federal tivesse feito um comitê de crise e tomado decisões prévias. "Ele não sabe o que é ser presidente, ele nunca foi nada a vida inteira", disparou.
"Semana que vem vou tomar minha vacina se deus quiser. Não me importa de que país, se são duas ou uma só. Eu quero fazer propaganda para o povo: não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina, porque pode te livrar da covid, mas mesmo assim não saia para o boteco, precisa de isolamento e utilizar máscara e álcool gel. Pelo amor de Deus este vírus esta noite matou quase duas mil pessoas. As mortes estão sendo naturalizadas."
As críticas de Lula exacerbaram a pandemia: "Este país não tem governo, não cuida da economia, do emprego, do salário, da saúde, do meio ambiente, da educação, do jovem, da periferia, ou seja, do que eles cuidam?", bradou.
“O povo não precisa de arma, mas de emprego, livro. O estado precisa estar presente na periferia deste país com cultura, saúde, é este o papel de um presidente. Será que o Bolsonaro não leu nada do que a gente fez? O Brasil não é dele e dos milicianos. As pessoas querem trabalhar, ter lazer”, apontou.
Imprensa
Apesar de dizer que a liberdade de imprensa é uma das razões maiores pela manutenção da democracia, Lula voltou a criticar a imprensa pela forma como a Operação Lava Jato foi noticiada. "O jornalista tem o compromisso de dizer a verdade nua e crua, é para isso que temos imprensa livre e não aquilo que politicamente ela quer", defendeu.
Lula também agradeceu à imprensa e disse que sabe que os jornalistas vão continuar trabalhando para construir a democracia brasileira.
Fonte: Congresso em Foco
https://congressoemfoco.uol.com.br/eleicoes/lula-decisao-lava-jato-coletiva/
Fonte:sintracimento.org.br