Guedes: pandemia é ‘tragédia de dimensões bíblicas’ e número de vacinados no país é ‘muito pouco’ Noticias Acessos: 14
Ministro da Economia defendeu, em entrevista a jornal espanhol, que o Brasil acelere imunização nos próximos seis meses. 'Temos de melhorar muito, trabalhar muito', afirmou.
Por Alexandro Martello, G1 — Brasília
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira (19) que a pandemia do coronavírus é uma "tragédia de dimensões bíblicas, de magnitude épica" e criticou o ritmo lento da vacinação no país.
As declarações, dadas em entrevista a um jornal espanhol digital, acontecem no momento em que o Brasil vive o momento mais grave da pandemia de Covid-19. A Fiocruz avaliou nesta semana que o país passa pelo "maior colapso sanitário e hospitalar da história".
"Outra vez, a pandemia chega com a segunda onda. Se expandiu muito rapidamente com as novas cepas, aparentemente mais mortais. A reação é uma só: vacinação em massa para garantir o retorno ao trabalho seguro", defendeu Guedes.
Para o ministro, o percentual de brasileiros vacinados até o momento – pouco mais de 5% da população até esta quinta (18) – é "muito pouco".
"Cinco por cento da população já foi vacinada, é muito pouco. Temos de melhorar muito, trabalhar muito, estamos ampliando acordos de vacina. A estimativa é de que tenhamos 500 milhões de vacinas até o fim deste ano, mas será muito tarde. Estamos acelerando, com 100 milhões de vacina com Pfizer até setembro. Temos de tentar vacinar o mais rápido possível a população nos próximos seis meses", afirmou Guedes.
A investidores espanhóis, o ministro pediu aporte de recursos para ações produtivas no Brasil e citou, como uma das opções, o processo de privatização dos Correios.
"Sabemos que o futuro é verde e digital. Por favor, invistam, que a Espanha venha a investir. Qualquer investimento espanhol se beneficia de um mercado de 200 milhões de brasileiros. Vocês podem vir disputar no processo de privatização dos Correios. já falei com uma empresa espanhola com respeito a isso. Estamos abertos, vamos vacinar maciçamente para voltar ao trabalho e retomar crescimento sustentado com reformas", afirmou.
Impacto na economia
Em dezembro do ano passado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que um eventual atraso na vacinação dos brasileiros poderia impactar o ritmo de retomada da economia.
"Se houver uma atraso de vacinação que implique em uma mobilidade menor, vai ter impacto na atividade econômica e nas variáveis de tomada de decisão", disse, no momento.
No fim de janeiro, o BC avaliou que a evolução da pandemia, com o aumento do número de casos neste começo de ano, assim como o fim do auxílio emergencial, podem implicar um cenário doméstico "caracterizado por mais gradualismo ou até uma reversão temporária da retomada econômica".
Momento mais grave da pandemia
Na maioria dos estados e nas grandes cidades, o sistema de saúde está sobrecarregado e já há filas de pacientes à espera de uma vaga de UTI. O Conselho Federal de Farmácia alertou para outro problema: o consumo de remédios usados nas UTIs está tão intenso que pode começar a faltar medicamento nos próximos dias.
O Brasil registra há 57 dias seguidos média móvel de mortes acima da marca de 1 mil, e pelo décimo primeiro dia a marca aparece acima de 1,5 mil. Foram 20 recordes seguidos nesse índice, registrados de 27 de fevereiro até esta quinta-feira (18).
Mesmo assim, o presidente Jair Bolsonaro mantém sua postura contrária a medidas de distanciamento social e restrição de circulação de pessoas. Nesta quinta-feira, ele acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar decretos dos governos do Distrito Federal, da Bahia e do Rio Grande do Sul que determinaram restrições de circulação de pessoas.
Desde o início da pandemia, autoridades internacionais e nacionais de saúde disseram que as medidas eram essenciais para conter a propagação descontrolada do vírus, como é o caso do Brasil.
Fonte: G1
Fonte:sintracimento.org.br