Centrais sindicais recebem 144 denúncias de assédio eleitoral
A essas se juntam mais 43 relatadas esta semana por outras centrais, como Força Sindical, UGT e CTB.
Por Marli Olmos, Valor — São Paulo
Em menos de duas semanas, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) já recebeu 101 denúncias de assédio eleitoral no local de trabalho. A essas se juntam mais 43 relatadas esta semana por outras centrais, como Força Sindical, UGT e CTB. Por meio de canais criados em seus portais, o movimento sindical criou uma ação conjunta para encaminhar os casos ao Ministério Público do Trabalho. O presidente da CUT, Sérgio Nobre, teme esse tipo de assédio possa influenciar no resultado da eleição do dia 30.
Representantes das centrais se reuniram ontem para atualizar números e verificar a origem de cada denúncia. Para os dirigentes, o número de denúncias, que chegou a 144 até a noite (20), tende a subir.
Lançado no dia 7, o canal do portal da CUT permite ao trabalhador se identificar ou fazer a denúncia de forma anônima. Ele pode, também, incluir vídeos, áudios ou imagens para comprovar o assédio. Há, ainda, espaço para a descrição da coação, com exemplo de texto: “o patrão, gerente ou chefe me pressionou a não votar em tal candidato” ou “me ofereceu vantagem financeira para votar em fulano”.
Mas a maior ameaça envolve o emprego do assediado. “A única coisa que um trabalhador tem na vida é o emprego; se o perder é o flagelo total”, afirma Nobre. Segundo ele, trabalhadores têm relatado vários casos em que o chefe reúne funcionários para dizer em quem devem votar e ameaça com a perda do emprego e até fechamento de empresas caso a orientação não seja seguida. “Patrões sempre tentaram influenciar no voto dos trabalhadores, mas de forma mais subjetiva. Desse jeito e nesse volume é inédito”, diz Nobre.
Na terça-feira, ao término da sessão plenária de julgamentos, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, disse que assédio eleitoral em local de trabalho é passível de punição. Segundo ele, representantes do Ministério Púbico Eleitoral e do Ministério Público do Trabalho informaram o registro de mais de 430 representações sobre assédio eleitoral.
O site do TSE informa que os representantes dessas instituições entendem “a necessidade de atuação conjunta entre Justiça Eleitoral e Ministério Público, com trocas de informações e inteligência”.
“Se não houver um sinal imediato e mais forte das instituições para coibir os que, de forma criminosa, estão obrigando os trabalhadores a votar em Jair Bolsonaro (PL), essa onda pode influenciar no resultado da eleição”, disse Nobre durante entrevista à “Lusa”, agência de notícias de Portugal. Segundo o presidente da CUT, trata-se de um problema “sem precedentes na história das campanhas eleitorais”. Com base em dados do MPT, a CUT informa que os três Estados do Sul — Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, pela ordem — lideram o número de denúncias.
Esse conteúdo foi publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor
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Fonte:sintracimento.org.br