Inflação em 12 meses chega a 5,48% e permanece acima da meta para 2025
A inflação oficial desacelerou em março, mas segue acima do teto da meta determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%, pelo 6º mês consecutivo no acumulado em 12 meses. Conforme dados divulgados, nesta sexta-feira (11), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,56% no mês passado, taxa 0,75 ponto percentual abaixo da computada em fevereiro, de 1,31% e a maior variação para os meses de março desde 2023. Em março de 2024, o índice subiu 0,16% e, no ano, 2,04%.
O resultado mensal do IPCA ficou em linha com a mediana das estimativas do mercado coletadas pelo Banco Central no boletim Focus desta semana, mas essa perda de fôlego não foi comemorada pelos analistas porque o indicador mostra persistência das pressões inflacionarias. No acumulado de 12 meses até março, o IPCA acelerou em relação ao mesmo período até fevereiro, passando de 5,06% para 5,48% — a maior variação desde fevereiro de 2023, de 5,60%.
“A inflação mensal desacelerou em março, mas ela ‘não fez mais do que a sua obrigação’, após tantos impactos pontuais em fevereiro. O importante é que o número foi bem maior que os 0,16% de março de 2024, e, no acumulado em 12 meses, a inflação continua acelerando e no primeiro trimestre já chega a 2,04%. Esse valor é 0,62 p.p. acima do acumulado nos primeiros três meses de 2024, e representa 68% do centro da meta e 45% do teto dela, isso em apenas três meses, e, além disso os dados qualitativos continuam piorando mês após mês”, avaliou Luis Leal, economista-chefe da G5 Partners.
Ao ver de Leal, os dados do IBGE confirmam que o Banco Central não tem espaço para afrouxar a política monetária, mesmo com as confusões externas. “Esperamos que o BC eleve os juros na reunião de maio em 0,50 ponto percentual, para 14,75% ao ano, e, para o ano, por enquanto, mantemos a previsão da Selic (taxa básica da economia) em 15,50% anuais, mas com um viés de baixa devido a uma possível desaceleração da economia mundial”, afirmou.
Pelas projeções dele, o IPCA deverá subir mais 0,45% em abril, encerrando o ano em 5,20%. Fábio Romão, economista sênior da LCA 4Intelligence, contou que o resultado do IPCA de março acabou próximo da previsão da consultoria, de 0,55%, mas lembrou que a taxa projetada para o ano, passou de 5,6% para 5,5%, devido, principalmente, à queda nos preços do petróleo no mercado internacional que podem indicar uma redução nos preços da gasolina na segunda quinzena de abril.
“O petróleo caiu bastante e olhando para a defasagem dos preços, isso acaba sinalizando uma chance importante de reajuste negativo na gasolina”, explicou. De acordo com Romão, contudo, a taxa projetada pela instituição para o IPCA de 2025 segue acima da registrada em 2024, de 4,83%. “Entre os motivos para nova alta relevante do índice, destacamos a robustez do mercado de trabalho, que poderá acelerar a categoria de Serviços para perto de 6,0%. Ademais, os efeitos defasados da relevante desvalorização cambial registrada no ano passado, associados à recente volatilidade, sinalizam que o conjunto de preços industriais poderá acelerar para perto de 4,3% neste ano”, explicou.
Vilões e difusão
Conforme os dados do IBGE, todos os nove grupos pesquisados registraram alta de preços, mas o de alimentos e bebidas foi o que registrou a maior variação mensal, de 1,17%, respondendo por 45% da alta geral do IPCA. O tomate, por exemplo, com alta de 22,55% apenas em março, foi o principal vilão da inflação no mês. E, no ano, acumula avanço de preços de 52,90%. O café moído segue entre os destaques do aumento do custo de vida, registrando alta de 8,14%, em março, e de 77,78%, no acumulado em 12 meses. O custo dos ovos de galinha aumentou 13,13%, no mês passado, e 31,70%, no primeiro trimestre do ano.
De acordo com os dados do IBGE, o índice de difusão do IPCA, que mostra o espalhamento da alta de preços entre os itens pesquisados, ficou estável em 61%. Já a difusão de itens não alimentícios manteve-se em 65% em março, ante também 65% em fevereiro.
Sob controle
Nesta sexta-feira (11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a supersafra brasileira e a queda dos preços de commodities devem colaborar para diminuir a inflação. Em entrevista à BandNews FM e à BandNews TV, ele afirmou que a inflação “deu uma galopada”, mas afirmou que o governo vai “trazer para baixo, para não sofrer”. Ele citou que, desde o ano passado, tanto o ministério da Fazenda quanto o Banco Central, vêm tomando medidas para segurar a inflação.

Fonte:sintracimento.org.br