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Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Ladrilhos Hidráulicos, Produtos de Cimento, Fibrocimento e Artefatos de Cimento Armado de Curitiba e Região

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Estados Unidos vivem uma “Depressão Pandêmica”

 

Deve estar claro para quase todos agora que a repentina e acentuada crise econômica que começou no final de março é algo mais do que uma grave recessão. Esse rótulo foi, talvez, justificável para a Grande Recessão de 2007-2009, quando o desemprego atingiu um pico de 10%. Não é agora.

 

A opinião é do colunista do jornal The Washington Post, Robert J. Samuelson. Ele parte de uma avaliação dos economistas Carmen Reinhart e Vincent Reinhart. “Essa situação é tão terrível que merece ser chamada de ‘depressão’ – uma depressão pandêmica”, escrevem eles. “A memória da Grande Depressão impediu economistas e outros de usar essa palavra”, prosseguiram.

É compreensível, avalia Robert J. Samuelson. “As pessoas não querem ser acusadas de alarmismo e de estar piorando a situação. Mas essa reticência é auto destrutiva e histórica. Minimiza a gravidade da crise e ignora comparações com as décadas de 1930 e 1919. Isso importa. Se as hordas de festeiros tivessem entendido os verdadeiros perigos da pandemia, talvez tivessem sido mais responsáveis na prática do distanciamento social”, escreveu.

Segundo ele, mesmo após o relatório de empregos de julho, quando a taxa de desemprego caiu de 11,1% para 10,2% em junho, o mercado de trabalho continua desacelerado. “Aqui estão as comparações com fevereiro, o último mês antes da pandemia ser totalmente refletida nas estatísticas de trabalho: o número de empregados caiu 15,2 milhões; os desempregados aumentaram 10,6 milhões; e aqueles que não estão na força de trabalho aumentaram em 5,5 milhões”, lembra.

Ele alerta que Carmen Reinhart e Vincent Reinhart lembraram que “os séculos XIX e XX estavam cheios de depressões”. E falam com autoridade; ela é professora de Harvard, de licença e servindo como economista-chefe do Banco Mundial; ele era um alto funcionário do Federal Reserve (o Fed, o banco central norte-americano) e agora é economista-chefe no BNY Mellon (The Bank of New York Mellon, empresa de serviços bancários e financeiros em todo o mundo).

Segundo Robert J. Samuelson, o que está claro é que a Depressão Pandêmica se assemelha mais à Grande Depressão dos anos 1930 do que à típica recessão pós-Segunda Guerra Mundial. “Simplificando ligeiramente: a típica queda do pós-guerra ocorreu quando o Fed elevou as taxas de juros para reduzir a inflação dos preços ao consumidor. Eles reduziram as taxas para estimular o crescimento”, escreveu.

Em contraste, prosseguiu, tanto a Grande Recessão quanto a Depressão Pandêmica tiveram outras causas. “A Grande Recessão refletiu a especulação imobiliária e financeira descontrolada e seus efeitos adversos no sistema bancário. A Depressão Pandêmica ocorreu quando os temores de infecção e os mandatos do governo levaram a demissões e uma implosão dos gastos dos consumidores”, avaliou.

O dano colateral foi enorme, de acordo com Robert J. Samuelson. “As pequenas empresas representaram 47% dos empregos do setor privado em 2016, estima a Administração de Pequenas Empresas. Muitos quebraram porque não tinham dinheiro para sobreviver a um longo fechamento. Em um novo estudo, o economista Robert Fairlie, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, relata uma queda de 8% no número de pequenas empresas de fevereiro a junho. Entre afro-americanos, o declínio foi de 19%; entre os hispânicos, 10%”, constatou.

Em um aspecto, diz Robert J. Samuelson, os Reinharts subestimaram os paralelos entre a depressão atual e seu antecessor nos anos 1930. “O que foi irritante sobre a Grande Depressão é que suas causas não foram compreendidas na época. As pessoas temiam o que não podiam explicar. A crença de consenso era que as crises nos negócios precisavam de autocorreção. Estoques excedentes seriam vendidos; empresas ineficientes fracassariam; salários cairiam. Os sobreviventes deste processo brutal estariam então em posição de expandir”, lembrou.

Essa visão levou à paciência e à passividade, de acordo com Robert J. Samuelson. “Basta esperar; as coisas vão melhorar. Como não o fizeram, a ansiedade e o descontentamento aumentaram. Havia um vazio intelectual. A bolsa moderna preencheu o vazio. Se o governo tivesse sido mais agressivo, evitando falhas bancárias e adotando déficits orçamentários maiores para estimular os gastos, a economia não teria entrado em colapso. A Grande Depressão não teria sido tão grave”, avaliou.

Algo semelhante está ocorrendo hoje, segundo ele. “A interação entre medicina e economia muitas vezes desconcerta. Isso é uma crise de saúde ou uma crise econômica? Antes do New Deal, na década de 1930, os líderes nacionais seguiam a sabedoria convencional da época — fazendo pouco. Da mesma forma, os líderes agora estão seguindo a sabedoria convencional de hoje, que é gastar generosamente. Será que isso funciona ou a explosão da dívida pública vai, em última análise, criar um novo tipo de crise?”, prognostica.

A linguagem do passado se encaixa cada vez mais nas condições do presente, segundo Robert J. Samuelson. “Os muitos bustos do século XIX têm sido chamados há muito tempo como ‘depressões’ — por exemplo, no final dos anos 1830, 1870 e 1890. A realidade aceita na época era que meros mortais tinham pouco controle sobre os eventos econômicos. Pensamos que tínhamos seguido em frente, mas talvez não”, escreveu.

E concluiu: “As implicações para as perspectivas econômicas são assustadoras. Em seu ensaio, os Reinharts distinguem entre uma ‘recuperação’ econômica e uma ‘recuperação’ da economia. Uma recuperação implica um crescimento econômico positivo, que eles consideram provável, mas não o suficiente para alcançar a recuperação completa. Isso igualaria ou superaria o desempenho da economia antes da pandemia. Quanto tempo isso levaria? Cinco anos é o melhor palpite dos Reinharts – e talvez mais.”

Vermelho

 

Fonte:sintracimento.org.br

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