Governo escolhe feriadão para aplicar medidas impopulares
Em pleno feriadão, é de causar indignação enfrentar um aumento que elevou a gasolina em Fortaleza para R$ 4,20 e um edital do governo Temer para vender dezenas de empresas públicas brasileiros. A afirmação é do deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), que chama atenção para o fato de medidas extremamente impopulares serem concretizadas em pleno feriado prolongado.
"Parece que o governo Temer escolheu de propósito o feriado prolongado para impor duas medidas terríveis ao brasileiro. Os motoristas de Fortaleza foram surpreendidos por mais um aumento da gasolina, sem qualquer justificativa, em percentual muito além da inflação, de forma totalmente desproporcional ao atual momento de crise e de arrocho vivido pelo cidadão comum, que trabalha pelo pão de cada dia e que vêm todos os preços serem influenciados pela alta da gasolina", acrescenta Chico Lopes.
"De menos de R$ 4,00 a gasolina saltou para R$ 4,20 na maioria dos postos de Fortaleza. Isso da noite para o dia e em pleno feriadão, sem anúncio, o que impediu que os motoristas pelo menos fizessem um último abastecimento com preço menor. Também é sinal de prática deliberada de cartel, porque todos os postos aumentaram o preço no mesmo percentual e ao mesmo tempo", aponta o deputado federal cearense, avaliando que o caso é de quebra do princípio da publicidade e da clareza quanto aos preços cobrados, ferindo o Código de Defesa do Consumidor.
"Vamos debater essa questão com o Procon Fortaleza e com a Comissão de Defesa do Consumidor, da Câmara dos Deputados. Não é possível que o consumidor fique à mercê desse tipo de ação sorrateira e em pleno feriadão, com um novo reajuste da gasolina, somando ao que já havia sido feito recentemente", acrescenta Chico Lopes.
Venda do patrimônio público
Para completar, em pleno feriadão o governo Temer acrescenta mais um item a seu permanente "pacote de maldades": publicou no Diário Oficial da União um decreto que autoriza a venda de todas as empresas públicas de economia mista.
"Pelo artigo 1º do decreto, com dispensa de licitação, fica estabelecido um 'regime especial de desinvestimento de ativos das sociedades de economia mista', ou seja, um tremendo programa de privatização de todas as empresas públicas de economia mista, como Banco do Brasil, Caixa Econômica, Correios, Petrobras", alerta Chico Lopes.
"Essa medida é simplesmente inaceitável! Nem FHC, no auge do seu raio privatizador, conseguiu o que queria, que era privatizar o Banco do Brasil, a Caixa, a Petrobras… Agora vem Temer querer fazer isso por decreto publicado em pleno feriadão", destaca o deputado cearense.
"A sociedade brasileira já mostrou inúmeras vezes que é contra a privatização e não vai aceitar essa medida. O povo viu o que aconteceu com as empresas que foram privatizadas por FHC a preço de banana, como as telefônicas, que até hoje prestam serviços muito ruins e a preços muito caros, sendo campeãs de reclamações nos órgãos de defesa do consumidor", enfatiza.
"No Ceará temos o caso da Coelce, que foi privatizada com a promessa de formar um fundo de previdência para os servidores estaduais, o que nunca aconteceu. A empresa segue hoje dando lucro aos estrangeiros e também está sempre no ranking das reclamações do consumidor, por quedas de energia, cobranças excessivas e desrespeito ao cliente", exemplifica Lopes.
"A mobilização social contra as privatizações segue muito forte e terá de ser maior ainda agora, após esse decreto. Vamos questionar isso no Congresso Nacional e na Justiça. Temer já vendeu muitos cargos e benesses para escapar na votação de duas denúncias de corrupção. Não vai vender também o patrimônio que o povo brasileiro trabalhou tanto para construir", complementa Chico Lopes.