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Embaixadores têm plano contra estrago de Bolsonaro nos EUA

Se a indicação do filho do presidente Jair Bolsonaro para a embaixada nos Estados Unidos for confirmada pelo Senado, integrantes do Itamaraty já têm um plano para reduzir danos. É o que informa o blog da Denise Rothenburg, no jornal Correio Brazieliense.

 

 

Na prática, diz ela, Eduardo Bolsonaro seria o chefe simbólico da representação em Washington e teria como executivo o diplomata Nestor Foster, inicialmente cotado para o cargo com a volta ao Brasil de Sérgio Amaral, ainda no início de abril.



Segundo Denise Rothenburg, quem conhece os ritos e personagens do Itamaraty acredita que Foster, mesmo posposto por Jair Bolsonaro, se empenharia na tarefa de fazer o trabalho pesado neste primeiro momento. Do grupo de Ernesto Araújo, Foster é considerado um aliado fiel. Foi ele, inclusive, quem teria apresentado o guru Olavo de Carvalho — olha ele aí de novo — para o atual chanceler brasileiro.



A eventual configuração na embaixada dos EUA com a confirmação de Eduardo Bolsonaro funcionaria da seguinte forma: enquanto o deputado lidaria com os olavistas e seguidores mais “raiz” do presidente Donald Trump, Foster seria um embaixador alterno, responsável em lidar com o lado operacional da representação brasileira em Washington, segundo Denise Rothenburg.



Tal combinação seria voltada para o cotidiano na embaixada, dada a pouca ou nenhuma familiaridade de Eduardo Bolsonaro com a diplomacia ou com os ritos do Ministério das Relações Exteriores. Da porta para fora do prédio localizado na Avenida Massachusetts, número 3006, o filho do presidente seria efetivamente o chefe da embaixada.



Nada de bom



Já o jornal O Globo informa que ao defender a indicação do filho, Bolsonaro justificou sua decisão afirmando que, desde 2003, todos os embaixadores do Brasil em Washington "não fizeram nada de bom." Bolsonaro voltou a reforçar que deseja aproveitar a proximidade de Eduardo com a família do presidente americano, Donald Trump.



“Ele ganhou notoriedade, tem rodado o mundo todo, tem uma amizade com a família Trump (…) Imagine se o filho do Macri (Maurico Macri, presidente da Argentina) fosse embaixador no Brasil, ligando para mim, querendo falar comigo, quando ele seria atendido? Amanhã, semana que vem, ou imediatamente? É essa que é a intenção. Se vocês pegarem de 2003 para cá, o que os embaixadores nossos, que tivemos do Brasil nos Estados Unidos , fizeram de bom para nós? Nada”, criticou.



A declaração foi dada em entrevista coletiva na 54ª Cúpula do Mercosul, em Santa Fé, na Argentina. Ao se aproximar dos jornalistas, Bolsonaro apresentou o filho Jair Renan, de 20 anos, como "embaixador mirim". Foi a primeira viagem internacional do 04 com o pai. “Tô com o embaixador aqui do meu lado (com o filho mais novo). Vem cá, embaixador. Gostaram do embaixador aqui? Embaixador mirim. Está aprendendo”, disse, em tom de brincadeira, o presidente.



Rito para nomeação



Segundo O Globo, Bolsonaro acredita que não haverá problemas da parte dos Estados Unidos em receber as credenciais de Eduardo Bolsonaro. Segundo ele, um simples telefonema para Trump resolveria a questão. “Eu acho que já foi feito o comunicado com os Estados Unidos. Então, um telefonema simples meu para o Trump, que franqueou a palavra… Nem precisa falar isso pra ele. Eu tenho certeza que ele dará o sinal positivo”, disse.



Na noite de terça-feira, o chanceler Ernesto Araújo confirmou que o Itamaraty preparou uma minuta com o pedido de agrément do governo dos Estados Unidos. Segundo Araújo, a consulta será enviada tão logo o presidente Bolsonaro determinar. O rito para a nomeação de um embaixador prevê que o país que vai recebê-lo aprove a indicação antes mesmo de ela ser formalizada — o mecanismo foi estabelecido pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e normatizado no Brasil por meio de um decreto de 1965.
 
Fonte:sintracimento.org.br
 
 
 
 

 

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