Benefícios de se manter um ambiente de trabalho sadio
Lauber Vinícius e Ricardo Souza Calcini
É perceptível o avanço empresarial no tocante ao modo sobre como a produção é desenvolvida em uma Empresa. Isto se dá, também, por todo o arcabouço histórico de degradação da dignidade humana face ao crescimento industrial ocorrido pelo advento da Revolução Industrial.
Diante da grande revolução causada pela tecnologia, a humanidade evolui (em muitos aspectos) a grandes passadas em técnicas que a utilizam (tecnologia), de modo a aumentar/expandir seu conhecimento em assuntos afetos à prática cotidiana.
Deste modo, é perceptível o avanço empresarial no tocante ao modo sobre como a produção é desenvolvida em uma Empresa. Isto se dá, também, por todo o arcabouço histórico de degradação da dignidade humana face ao crescimento industrial ocorrido pelo advento da Revolução Industrial.
Nossa Constituição Federal, ao disciplinar matéria laboral em seu artigo 7º, traz essa preocupação. Tal artigo pode ser complementado com a leitura do art. 225 da mesma Carta, que trata a respeito do Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
[…]
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
[…]
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
A leitura dos artigos nos alertam para a dinâmica existencial, qual seja, a da constante mutabilidade da vida. Assim, o inciso XXII do art. 7º da CRFB, ao positivar a palavra “redução”, expõe que a utopia de um ambiente de trabalho livre de qualquer risco ainda nos é distante.
Deste modo, algumas Empresas e Empresários, entendedores do exposto acima, vêm tratando de elaborar técnicas que dão enfoque ao Meio Ambiente do Trabalho, tendo em vista que a busca, na medida do possível, de um ambiente laboral sadio, é favorável às partes.
Como benefícios deste cenário, podemos apontar os seguintes pontos: afeta positivamente a motivação dos funcionários e colaboradores; garante mais qualidade de vida ao trabalhador; cria uma identidade entre trabalhador e Empresa; contribui para o crescimento profissional dos funcionários; estimula o diálogo e a participação nas decisões da empresa; confere autonomia aos funcionários; e há um melhor proveito das habilidades de cada colaborador¹.
Alguns pontos do parágrafo anterior podem se materializar da (s) seguinte (s) forma (s):
Uma boa dica para melhorar o espaço profissional é a valorização das pessoas. Estar atento aos bons trabalhos executados e recompensar o responsável é um ótimo motivador para toda a equipe. Para isso, a empresa precisa ser clara e incentivar positivamente o trabalhador a cumprir suas metas, sem deixar sua equipe de lado. O contato constante e bonificações justas trarão credibilidade e envolvimento para os seus colaboradores. A empresa também pode contribuir para o crescimento profissional do seu colaborador. Existem diversas instituições educacionais que oferecem inúmeras vantagens para quem deseja capacitar e treinar sua equipe. Ao incentivar e proporcionar workshops, cursos, debates e tantas outras opções de desenvolvimento profissional, há vantagens para as duas partes. Tanto para o empreendedor, que estará investindo em um colaborador mais capacitado, quanto para os funcionários, que enxergarão seriedade e comprometimento com toda a equipe. Outro item indispensável na produção de um ambiente profissional adequado está exclusivamente na capacitação de formação de equipes e contratação de funcionários. Isso porque uma empresa que sabe que tipo de funcionário contratar, como extrair o melhor de cada um e formar equipes naturais e integradas certamente está correndo na frente no quesito envolvimento entre colaborador e empresa. Se for possível e interessante para a empresa, distribuir o horário de trabalho de acordo com o ritmo e produção de cada funcionário pode ser eficaz. Há trabalhadores que produzem mais na parte da manhã, e também aqueles cujo rendimento é muito melhor no decorrer da tarde ou até noite adentro. Estudos comprovam que a produção dessas pessoas tende a melhorar se o horário de trabalho estiver combinado com o horário de maior rendimento².
O artigo publicado pelo site Beecorp traz importantes números que apontam o motivo de se manter (ou de conquistar) um ambiente sadio de trabalho:
As empresas que têm uma cultura de inovação representam 74% de todas as melhores organizações para se trabalhar no país. No ano de 2018, as 150 melhores empresas para se trabalhar foram beneficiadas por 2.550 ideias diferentes dos colaboradores, que proporcionaram ganhos de R$ 12 milhões. Outro percentual que revela a importância de criar um ambiente de trabalho favorável refere-se à redução da taxa de rotatividade em até 3 vezes. Em 2016, houve um índice de 24% de rotatividade voluntária (os funcionários pediram demissão) nas empresas do Brasil. Entre as 150 melhores empresas para se trabalhar, conforme a GPTW, essa taxa é de apenas 7%. Não importa se a organização é grande, média ou pequena, o ambiente de trabalho pode ajudar a aumentar os lucros em até 7%. Considerando os acionistas, eles podem ter um retorno financeiro 3 vezes mais atrativo. Quando os funcionários estão felizes com a empresa, eles podem se tornar até 12% mais produtivos. Nas 150 melhores empresas brasileiras para se trabalhar, houve um rendimento sobre o patrimônio líquido de 16,7%.No mercado de ações norte-americano, as empresas do GPTW apresentaram rentabilidade 60% superior. ( LACERDA, Felipe.2019)
Ainda, de forma empírica, matéria publicada no site sbcoaching ³ traz em seu bojo relevante caso ocorrido nos Estados Unidos sobre a questão:
Um perfeito estudo que corrobora essa afirmação é o do repórter investigativo do The New York Times Charles Duhigg, no livro O Poder do Hábito: Por Que Fazemos o Que Fazemos na Vida e Nos Negócios (Editora Objetiva, 2012). Ele expõe o caso da empresa Alcoa – uma das três maiores multinacionais de alumínio -, presidida na década de 90 nos Estados Unidos pelo líder Paul O’Neill (que, posteriormente, assumiu como secretário da Fazenda nos EUA). Ao virar CEO da empresa, em 1987, ele enfrentou os acionistas com uma proposta ousada para potencializar os lucros: dar enfoque à segurança no ambiente de trabalho. O’Neill implementou medidas drásticas para reduzir ao máximo o número de acidentes – especialmente mortes – pela falta de segurança dos colaboradores. O potencial impacto de um ambiente de trabalho seguro, para a maioria dos acionistas, foi subestimado. Mas os resultados do investimento em um excelente espaço de trabalho feitos por O’Neill, garantindo condições seguras aos colaboradores, rapidamente começaram a aparecer. Por se sentirem mais seguros, os funcionários passaram a ter menos faltas no serviço. Ao perceberem que seu líder tinha apreço por sua integridade física, sentiram-se mais motivados a darem seu melhor nas atividades laborais. Como resultado, quando O’Neill se aposentou, em 2000, o lucro líquido da Alcoa já estava cinco vezes maior do que no ano em que assumiu.
Deste modo, por estarmos inseridos em uma ordem econômica capitalista, mas, com a devida observância da valorização do trabalho humano, conforme os preceitos esculpidos no art. 170 da Constituição Federal, devemos (enquanto sociedade) buscar a harmonização destas duas concepções, conforme a ideia explanada neste artigo (da busca por um ambiente de trabalho sadio, tendo em vista seus benefícios).
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1 LACERDA, Felipe. Por que investir em um bom ambiente de trabalho? Disponível clicando aqui Acesso em: 14 fev.20;
2 ENDEAVOR. Dicas para criar um bom ambiente de trabalho na sua empresa. Disponível clicando aqui Acesso em: 14 fev.20;
3 SBCOACHING. Ambiente de Trabalho: Aumente a Produtividade de Sua Equipe. Disponível clicando aqui Acesso em: 14 fev.20.
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*Lauber Vinícius é advogado atuante nas áreas trabalhista e previdenciária. Pós-Graduando em Direito Previdenciário e em Direito Acidentário pela Faculdade Legale.
*Ricardo Souza Calcini é mestre em Direito pela PUC/SP. Professor de pós-graduação em Direito do Trabalho da FMU. Palestrante e instrutor de eventos corporativos "in company" pela empresa Ricardo Calcini | Cursos e Treinamentos.
Fonte:sintracimento.org.br