Lula diz não entender motivo de o mercado ter medo da volta do PT ao poder
O ex-presidente também pediu "Não tenham medo de mim. Eu sou radical porque quero ir à raiz do problema". Segundo Lula, ele está disposto a conversar com diversos setores
Por Cristiane Agostine e Carolina Freitas, Valor — São Bernardo do Campo e São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse hoje não ver fundamento no medo que o mercado sente de o PT voltar a governar o país. O petista disse que o mercado conviveu com ele pelos oito anos que foi presidente e com Dilma Rousseff (PT) por seis anos. "Do que o mercado tem medo?", questionou Lula.
O petista afirmou que se o mercado quer ganhar dinheiro investindo em produção e contando com um mercado consumidor forte, tem que gostar dele. Os motivos, segundo Lula, que justificariam o mercado não gostar dele seriam o ex-presidente ser contra a autonomia do Banco Centra e contra privatizações.
"Se o mercado quiser ver às minhas custas a entrega da soberania vendendo patrimônio nacional, não votem em mim. Tenha medo mesmo", disse, reforçando ser contra as privatizações.
O ex-presidente disse que é necessário conversar com empresários e investidores para entender como eles chegaram à conclusão de que o presidente Jair Bolsonaro era a melhor alternativa para a economia do Brasil. O petista fez um apelo para que esses setores e a classe média não tenham "medo" dele.
"Alguma atitude vamos ter que tomar para que este país volte a crescer, para que esse povo volte a sonhar. Quero conversar com empresários. Ou será que vamos ficar refém do deus mercado, que só quer ganhar dinheiro não importa como?", disse Lula. "Não tenham medo de mim; eu sou radical porque quero ir à raiz do problema, quero construir um mundo justo."
Lula indicou que, se o PT voltar ao poder, mudará alterações que vem sendo feitas pelo governo Jair Bolsonaro na Petrobras."Quem estiver comprando as coisas da Petrobras está correndo risco, porque a gente vai mudar muita coisa", disse. "Espero que o mercado seja sempre contra mim e o povo seja sempre a favor."
O ex-presidente ainda pediu que a Febraban e a Fiesp o chamem para conversar e explicar qual o "demônio" que elas veem em sua figura. "Até a Febraban poderia me chamar para me dizer qual é o demônio. Eu nunca tive medo de conversar com eles. A Fiesp que me chame para dizer qual o demônio", disse.
Este é o primeiro pronunciamento de Lula desde que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou as condenações do ex-presidente decorrentes da Lava-Jato. O ex-presidente fala do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP).
Luiz Inacio Lula da Silva, ex presidente — Foto: Silvia Zamboni/Valor
Fonte: Valor Investe
Fonte:sintracimento.org.br