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Áudios revelam combinação de Moro com réu da Lava Jato

Empresário Tony Garcia divulga conversas e diz nas redes: “Onde se esconde o covarde Sérgio Moro que não desmente a gravação?”

 

por Murilo da Silva

 

O empresário e ex-deputado estadual do Paraná, Tony Garcia, revelou no último sábado (8) conversa de telefone com o senador Sérgio Moro (União-PR). A gravação é da época em que Moro era juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável por julgar a Operação Lava Jato. O problema é que Garcia era réu na Lava Jato e um juiz não deveria manter contato com acusados, ainda mais para combinar divulgação da sentença com os envolvidos.

No diálogo é possível entender que Garcia queria saber se o seu caso seria divulgado na imprensa.

Leia também: Tony Garcia, que denunciou Sergio Moro, pode ser convocado pelo Senado

Moro diz nos áudios que precisa fazer a divulgação, pois “o pessoal vai ficar cobrando” e que o processo “é uma grande publicidade” pela exposição pública.

“Onde se esconde o covarde Sérgio Moro?”

Ao divulgar os áudios pelas redes, Garcia chamou Moro de “justiceiro criminoso” e de “juiz ladrão”.

Nova conversa entre Sérgio Moro e Tony Garcia parte II. Confirmando que, eu, seu “réu”, tínhamos LIGAÇÕES PERIGOSAS nos bastidores de uma FALSA JUSTIÇA. Moro foi JUSTICEIRO CRIMINOSO, jamais juíz. Enquanto na magistratura, foi um JUÍZ LADRÃO!” [sic]

Ele também direcionou críticas a Moro ao repercutir o impacto nos áudios na mídia e sobrou também para o ex-procurador e deputado federal cassado, Deltan Dallagnol.

PERGUNTO: Onde se esconde o covarde Sérgio Moro que não desmente a gravação? Seus filhos e sua mulher devem ter vergonha de sua falta de hombridade. Vc enlameou a magistratura com seus métodos criminosos. Vc prendeu Lula através de conluios criminosos com Deltan Dallagnol como fez comigo. TIC TAC!” [sic]

Áudios

Veja abaixo os áudios divulgados por Tony Garcia e as transcrições dos mesmos.

Tony Garcia – “Agora, eu sei que o senhor comentou… Mas doutor Sergio, é o seguinte… Preciso só lhe fazer uma pergunta pra ver como vamos lidar com isso… Nós estamos chegando nos ‘finalmente’, e uma coisa só que me preocupa. Quando for a sentença, seja qual for e tal, isso aí, o senhor vai dar publicidade nisso daí?”

Moro – “É, veja, eu sei que tu é uma pessoa publicamente exposta, né.”

Tony Garcia – “Eu era, agora não sou mais, nem concorrendo eu tô nas eleições, nada, doutor Sergio.”

Moro – “Aí, assim, o que acontece, se eu não divulgar, o pessoal vai ficar cobrando. Então eu prefiro divulgar, entendeu, informar de maneira…”

Tony Garcia – Doutor Sergio, veja, pra eu cumprir esse acordo, pra eu fazer tudo, eu vou depender muito do que estou reestabelecendo da minha vida. A perda que causa na vida da gente esse tipo de coisa, o senhor não pode imaginar nem imaginar.”

Moro – “Eu entendo, mas eu”

Tony Garcia – “Agora, eu só quero fazer o seguinte: se tem uma maneira de nós sentarmos com o senhor, com Ministério Público, nós, a defesa e tudo, de a gente ver uma maneira, doutor Sergio que não me deixe uma coisa, a empresa ou alguma coisa assim. Eu não sei como que é feito isso, porque envolveu empresa como organização criminosa, como isso, como aquilo.”

Moro – “Não, o que importa é o senhor.”

Tony Garcia – “Isso, não, não, que envolvia empresa, não, não, falaram, citaram nome, o Paulo Pimentel citou o Baltimore, tudo.”

Moro – “É, essa empresa (inaudível).”

Tony Garcia – “Eu sei, mas nessa, quando dá…”

Moro – “Não vou tocar no nome da Baltimore.”

Tony Garcia – “Não vai ser tocado em nome de empresa, nada disso? Vai ser tocado no nome da minha pessoa?”

Moro – “Sim, do que foi decidido do consórcio Garibaldi.”

Tony Garcia – “No setor de comunicação, quando é meu nome, você sabe o que acontece, né? Vira primeira página.”

Moro – “É, eu vou divulgar, esse conteúdo eu vou divulgar porque na verdade é um processo que é uma grande publicidade aí por conta de sua exposição pública, né. E assim, acho que tá sendo divulgado porquê…”

Garcia – “E matar sso de uma vez né? Enterrar.”

Moro – “Isso.”

Tony Garcia – “Mas doutor, vou pedir pro senhor, encarecidamente, que seja de uma maneira que não me macule de tal maneira que eu não possa mais trabalhar para conseguir, inclusive, cumprir e deixar esse ônus pra Baltimore, que eu não queria. Só isso doutor Sergio.”

Moro – “Eu vou provavelmente divulgar uma informação sucinta, que foi condenado e também devo divulgar no caso das condenações, termos. E provavelmente ter que deixar meio público aí, e falar alguma coisa, falar alguma coisa que a pena foi ‘x’.”

Tony Garcia – “É… É alguma coisa que não acabe comigo comercialmente para eu poder continuar a trabalhar, é só isso que eu vou pedir ao senhor.”

Moro – “Pode ficar sossegado. Ou qualquer coisa grave.”

Tony Garcia – “Eu só pretendo que se o senhor for justo, se for tudo certo, eu só preciso continuar trabalhando para cumprir o que eu fiz até agora, e eu vou continuar e voltar sempre do lado que eu fiquei. Agora, tenho uma reunião com o Ministério Público…”

Moro – “Não, vou conversar.”

Tony Garcia – “Para poder botar para frente aquilo lá ou não.”

Moro – “Entro em contato.”

Tony Garcia – “Tá ótimo, obrigado.”

Repercussão

O áudio caiu como uma bomba para Sérgio Moro e a repercussão no meio político foi imediata.

A líder do PCdoB na Câmara, deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), destacou no Twitter a farsa judicial impetrada por Moro. “JOGO COMBINADO! Tony Garcia, então réu da Lava Jato, grava conversa com Sérgio Moro, à época juiz, sem a presença de advogados, e demonstra total acordo para combinar ações com o Ministério Público Federal. Além de ilegal, os grampos só mostram a trama suja dessa que foi a maior farsa judicial da história! A atuação de Moro como juiz envergonha a Justiça Brasileira!”

A deputada Daiana Santos (PCdoB-RS) disse nas redes: “CAIU A MÁSCARA! Vazou Moro fazendo acordo por telefone com Tony Garcia, réu da Lava Jato, negociando a divulgação da sentença. Surpresa pra alguém? Isso precisa ser investigado!”

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) também se manifestou: “Sergio Moro fez acordo pelo telefone com réu da Lava Jato para tratar da divulgação de sentença. Essa é mais uma prova de que o ex-juiz jogou o tempo todo fora das quatro linhas do sistema judiciário. Já tá na hora de responder pelas irregularidades cometidas na Lava Jato.”

Fonte:sintracimento.org.br

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