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Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Ladrilhos Hidráulicos, Produtos de Cimento, Fibrocimento e Artefatos de Cimento Armado de Curitiba e Região

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Por que as montadoras estão suspendendo a produção no Brasil? Entenda

Um misto entre queda da demanda por conta da crise econômica, falta de peças, piora prevista das vendas neste ano e controlar custos para uma eventual retomada resume a decisão de oito empresas a fecharem as portas neste mês.

Por Raphael Martins, G1

Nas últimas semanas, oito das principais montadoras do país anunciaram paralisação da produção brasileira em virtude do agravamento da pandemia do coronavírus. O Brasil ultrapassou a marca de 300 mil mortos pela Covid-19 e registrou seguidos recordes diários de mortalidade e novos casos.

VolkswagenMercedes-BenzNissanToyotaRenaultVolvoScania e, agora, a Honda, fecharam as fábricas por cerca de duas semanas, atendendo a um pedido dos sindicatos do setor, que queriam a pausa para preservar os trabalhadores no momento mais crítico da doença no país.

Ainda que o risco à saúde dos funcionários tenha sido um dos fatores primordiais destacados pelas empresas, esse não é o único motivo para a parada na indústria automotiva. Há, pelo menos, outras três razões que justificam a decisão de interromper as atividades temporariamente:

  • Há um desabastecimento de peças na indústria que já comprometia a produção;
  • Crise econômica e redução da renda afetam a demanda por automóveis;
  • Nova onda de Covid impacta a confiança do consumidor para aquisição de bens de alto valor.

Essa "tempestade perfeita" dá ao setor a oportunidade de pisar no freio e planejar o trajeto. Com menos compradores, as férias coletivas determinadas pelas empresas faz possível a articulação de uma redução de custos sem a necessidade de demissões em massa.

Além disso, essa antecipação das folgas dos trabalhadores é uma aposta na retomada da indústria à frente. Espera-se que, além de uma redução de casos, a vacinação avance e o governo tenha mais tempo de elaborar novos planos de crédito e medidas de preservação para o setor.

"Quando você junta os sindicatos querendo parar, com medo de serem contaminados, e a indústria com bons motivos para suspender a produção, torna-se um momento de pausa para se reorganizar", diz Renato da Fonseca, gerente executivo de economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Uma das demandas tanto dos industriais como do comércio é o retorno do programa de preservação de empregos, conhecido como BEm. A medida criada no ano passado firmou mais de 20 milhões de acordos entre patrões e empregados para a redução da jornada ou suspensão dos contratos de trabalho. O presidente Jair Bolsonaro prometeu reeditar a medida.

Uma nova rodada desse estímulo, dizem economistas consultados pelo G1, daria um alívio às empresas, pois poderiam planejar com mais eficiência o número de funcionários nas plantas fabris, de acordo com a demanda e com a evolução da Covid-19 no país. Isso reduziria o ajuste por meio de demissões e contratações – que não deixam de ser custos extras no caixa das montadoras.

Falta de peças

Os insumos industriais estão em falta em toda a cadeia, o que não deixa o setor automotivo de fora.

As linhas de montagem podem aumentar ou diminuir sua produção de acordo com a chegada das peças automotivas. O mesmo não acontece com os fornecedores, que dependem da siderurgia, por exemplo.

Em choques como a pandemia do coronavírus, a retomada da produção das mineradoras é muito mais lenta que a de uma montadora. Há, assim, um descasamento entre os fornecedores e as finalizadoras da produção automotiva.

Durante a pandemia, houve também uma escassez global de chips, com o aumento severo de demanda por eletroeletrônicos, grupo de produtos beneficiados pelo isolamento social. Na semana passada, inclusive, a associação da indústria de semicondutores da China chinês classificou a falta de chips como "sem precedentes", com impactos em toda a indústria global.

A situação do Brasil tem mais um agravante: a desvalorização do real. Em 2020, o dólar registrou alta de quase 30%. Neste ano, o salto é de 9,31%. Conforme a economia passa a se aquecer em países desenvolvidos, o preço das commodities sobe – neste caso, automobilístico, o tão importante minério de ferro. O real mais fraco torna mais vantajosa a exportação dos produtos e encarece o insumo para a indústria brasileira.

Queda de demanda

O setor automotivo sofreu bastante com a pandemia do coronavírus na esteira da crise econômica que se instalou no país. Ainda que a massa salarial tenha sido compensada por benefícios sociais implementados pelo governo, nada foi suficiente para estimular a compra de bens de alto valor agregado, como um carro novo.

produção de veículos no Brasil caiu 31,6% em 2020, segundo dados da Anfavea, a associação das fabricantes. Foram 2.014.055 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus produzidos durante o último ano, contra 2.944.988 no ano anterior. O resultado foi o pior desde 2003.

A situação não melhorou. No acumulado de 2021 até o fim de fevereiro, a retração foi de 14,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Essa foi a mais recente divulgação da Anfavea.

"O problema é que desde 2015 é um setor que vinha com dificuldades e com queda considerável de produção. A pandemia veio como agravante e mudou ainda mais o comportamento de consumo, com mais cautela para compra de bens duráveis", diz Cláudia Perdigão, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

Com a paralisação agora, é possível refazer as contas e restabelecer prioridades para quando a demanda voltar.

Novos problemas

O início de 2021 reuniu o recrudescimento da pandemia do coronavírus com o fim dos programas de distribuição de renda e estímulos econômicos do governo.

Com discussão mais avançada, há o retorno do Auxílio Emergencial, programado para abril. Além do retorno do BEm, que não foi firmado, espera-se algum programa de crédito e a reforma tributária, ambos sem datas oficializadas.

O retorno da pandemia, por sua vez, trouxe novas restrições à economia e enfraqueceu mais o mercado de trabalho. Com menos dinheiro no bolso, a confiança do consumidor cai, levando junto a confiança da indústria.

O resultado da confiança da indústria da Fundação Getulio Vargas (FGV) foi divulgado nesta sexta-feira (26). O Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 3,7 pontos em março, para 104,2 pontos, menor nível desde agosto de 2020 (98,7 pontos). Em médias móveis trimestrais, o índice caiu 3,6 pontos.

Na terça-feira (23), saiu a confiança do consumidor da FGV, que mostra queda de 9,8 pontos no mesmo mês, para 68,2 pontos. É o menor valor desde maio de 2020 (62,1).

"E o indicador de expectativa específico para o setor automobilístico caiu mais de 10 pontos, acima da média nesse mês. Para o primeiro semestre, a expectativa do setor está bem abaixo do restante", diz Cláudia Perdigão, do Ibre/FGV.

O prospecto, de fato, não é positivo. A exportação de veículos no Brasil é muito tímida – teve queda de 12,2% na comparação com fevereiro de 2020, segundo a Anfavea – e a economia brasileira só deve dar alguma resposta estimulada pela vacinação no segundo semestre de 2021.

Fonte: G1

https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/03/26/por-que-as-

montadoras-estao-suspendendo-a-producao-no-brasil-entenda.ghtml

 

Fonte:sintracimento.org.br

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